No idioma Tupi, Pajerama significa “futuro pajé”. Para os nativos do tronco Tupi no Brasil, o pajé é a liderança que tem funções importantes no seu grupo, na sua aldeia. Dentre as atribuições do pajé, está a ligação espiritual do mundo material com a espiritualidade, a cura de doenças, preparação de ritos tradicionais, transmissão de sabedoria antepassada, etc.
Na Animação “Pajerama”, acompanhamos um jovem indígena que
está caçando e se depara com uma situação caótica. Numa alusão a “2001: Uma
Odisseia no Espaço”, o jovem índio se vê diante de um monolito, tocando-o e
entrando num frenético universo, envolvendo estradas, veículos, metrôs, sinais
de rádio, pontes, viadutos, sinais de trânsito, outdoor, etc. É uma experiência
surreal e assustadora.
O jovem indígena se vê numa situação perigosa em meio a tantas coisas desconhecidas. E, geralmente, o desconhecido assusta. E aí que o monolito cumpre sua função, tal qual em “2001”. Ao tocar o monolito, um novo universo se abre. E não é porque somente isso, que o novo universo será melhor.
“Pajerama” trabalha com a ideia de como uma cultura pode
impactar outras. O filme aborda a reflexão das diferenças entre indígenas e
não-indígenas e como as expansões dos não indígenas podem interferir no modo de
vida, nas relações sociais, nas tradições dos povos originários. Desde o século
XVI, os nativos das Américas passaram a sofrer uma imposição no seu modo de
vida, porém, “Pajerama” mostra essa imposição cultural, social, étnica
econômica, política, nos tempos atuais.
Uma das dúvidas que fica é se realmente o jovem indígena se tornará um pajé algum dia. E aí, pode-se fazer um paralelo com o ótimo filme do diretor Luiz Bolognesi, “Ex-Pajé”. Tanto o filme de Luiz Bolognesi quanto o filme do diretor Leonardo Cadaval se complementam. Além da direção, Cadaval é responsável pelo roteiro e storyboard do Drama em Animação.
“Pajerama” é um filme profundo que aborda importantes
questões sobre a avanço da população não-indígena e como os contatos podem ser
(e foram) traumáticos e prejudiciais para os indígenas do que hoje conhecemos
como Brasil.
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