sábado, 16 de novembro de 2024

PAJERAMA (2008)


 No idioma Tupi, Pajerama significa “futuro pajé”. Para os nativos do tronco Tupi no Brasil, o pajé é a liderança que tem funções importantes no seu grupo, na sua aldeia. Dentre as atribuições do pajé, está a ligação espiritual do mundo material com a espiritualidade, a cura de doenças, preparação de ritos tradicionais, transmissão de sabedoria antepassada, etc.

Na Animação “Pajerama”, acompanhamos um jovem indígena que está caçando e se depara com uma situação caótica. Numa alusão a “2001: Uma Odisseia no Espaço”, o jovem índio se vê diante de um monolito, tocando-o e entrando num frenético universo, envolvendo estradas, veículos, metrôs, sinais de rádio, pontes, viadutos, sinais de trânsito, outdoor, etc. É uma experiência surreal e assustadora.

O jovem indígena se vê numa situação perigosa em meio a tantas coisas desconhecidas. E, geralmente, o desconhecido assusta. E aí que o monolito cumpre sua função, tal qual em “2001”. Ao tocar o monolito, um novo universo se abre. E não é porque somente isso, que o novo universo será melhor.

“Pajerama” trabalha com a ideia de como uma cultura pode impactar outras. O filme aborda a reflexão das diferenças entre indígenas e não-indígenas e como as expansões dos não indígenas podem interferir no modo de vida, nas relações sociais, nas tradições dos povos originários. Desde o século XVI, os nativos das Américas passaram a sofrer uma imposição no seu modo de vida, porém, “Pajerama” mostra essa imposição cultural, social, étnica econômica, política, nos tempos atuais.

Uma das dúvidas que fica é se realmente o jovem indígena se tornará um pajé algum dia. E aí, pode-se fazer um paralelo com o ótimo filme do diretor Luiz Bolognesi, “Ex-Pajé”. Tanto o filme de Luiz Bolognesi quanto o filme do diretor Leonardo Cadaval se complementam. Além da direção, Cadaval é responsável pelo roteiro e storyboard do Drama em Animação.

“Pajerama” é um filme profundo que aborda importantes questões sobre a avanço da população não-indígena e como os contatos podem ser (e foram) traumáticos e prejudiciais para os indígenas do que hoje conhecemos como Brasil.




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