domingo, 20 de outubro de 2024

O DUPLO (2012)






O curta, com roteiro e direção, da talentosíssima Juliana Rojas, explora o universo de uma professora do primário que passou a sofrer com a aparição e impacto de seu doppelgänger. Da mitologia germânica, um doppelgänger é uma criatura que assume a forma perfeita de uma pessoa. Porém, essa sósia perfeita é maligna, trazendo um presságio de má sorte, maldade e morte. Inspirado no caso da professora Emilie Sagée, no ano de 1845, o filme tem uma atmosfera intensamente sinistra.

Durante uma aula, a professora de Matemática Sílvia, interpretada de forma brilhante pela atriz Sabrina Greve, se vê na horripilante situação. Desde então, a sua rotina é alterada de toda forma. Os realizadores foram extremamente felizes em criar o clima para que os espectadores pudessem adentrar na mente da protagonista.

A sequência na sala de professores é profundamente perturbadora. E durante um evento de apresentação para os pais de alunos, o que se vê é uma perfeição de medo, horror e tensão.

Juliana Rojas leva a trama muito além de simplesmente concluir que o que ocorre com Sílvia é a influência de um doppelgänger, e pronto. A diretora-roteirista convida o espectador a refletir sobre a sanidade mental da professora. E, além de criar essa tarefa para o espectador, ainda ficamos com dúvidas sobre quando estamos vendo a Sílvia e quando estamos vendo a sua sósia maligna. E rebobinamos o filme em nossa cabeça para tentar destrinchar “quem é quem”. “O Duplo” é um exemplo perfeito de um filme que dosa com muita eficiência o Mistério, o Suspense e o Terror.

E muito disso se dá pelo comportamento de Sílvia. Ao invés de expressões de pavor e gritos, a atriz Sabrina Greve mantém expressões de descontentamento e dúvidas (é claro), mas sempre transmitindo a sensação de que há algo mais e que nós não sabemos. Ela segue ou é seguida pela cópia. Ou a sósia quem segue a Sílvia original. E essa aparente tranquilidade, por um lado, mostra que a cabeça de Sílvia pode sim estar ferrada. Mas também se é somente uma cópia maléfica ou, devido a algum problema, Sílvia seria capaz de fazer algumas coisas que faz.

“O Duplo” é uma excelente produção. Com elementos técnicos muito bem utilizados. Por exemplo a trilha sonora; até agora o barulho do elástico continua me incomodando. O filme tem uma ótima fotografia, direção de arte, efeitos sonoros etc. O filme, dentro de seus 24 minutos, tem uma crescente dramática dentro da narrativa, que envolve, choca e impressiona quem assiste ao filme. O espectador se envolve, se choca e se impressiona junto com a protagonista. Nunca o barulho de um elástico batendo no papelão de uma pasta me irritou tanto.


Além de Sabrina Greve,o elenco de "O Duplo" conta com Gilda Nomacce, Majeca Angelucci, Daniel Ribeiro, Henrique Rabelo, Hilda de Alencar Gil, Mariza Junqueira, Sara Silveira, Helena Albergaria e Thereza Cristina, além da participação dos atores mirins.

O curta é uma realização da Itinerante Filmes, em associação com Electrica, Filmes do Caixote, Flora Dias, Lucas Barbi e Quanta Post.





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