sábado, 12 de outubro de 2024

ETERNIDADE (2016)


A produção independente “Eternidade” é um Drama/Mistério/Suspense/Terror que surpreende tanto pela qualidade do texto, pelos aspectos técnicos, e, principalmente por conseguir de forma intensa homenagear o Expressionismo Alemão. Em seus 13 minutos, o filme, com roteiro e direção de Flávio Carnielli, consegue transportar o espectador para o universo sombrio do curta.

A alternância de luz e sombras, a distorção da realidade, a representação abstrata do psicológico do personagem Bernardo, tudo está no ponto para uma produção que consegue dialogar com o cinema do século 21, tendo como base as principais características do gênero surgido no pós-Primeira Guerra Mundial na Alemanha.

A construção do personagem principal é perfeita, ainda mais que se trata de um filme mudo. A aflição, a tristeza, o desespero, tudo está ali, de frente ao espelho, onde ele se abre para si mesmo e clama pelo reencontro com sua amada, Emília.

A trama é fluida, dinâmica e enigmática. Tudo ali seria realidade ou era apenas a alucinação de uma mente perturbada e que se sente culpada? A forma como o protagonista é questionado, como alguns elementos são inseridos no enredo, tudo fica com ar de mistério. E mesmo com a realização do desejo de Bernardo, sobram mais dúvidas sobre Bernardo, Emília e a Eternidade. Quem fez o quê? Quem pede o quê? Qual o preço cobrado pela eternidade?

Enfim, elogiar a qualidade narrativa, técnica e dramática de “Eternidade” é chover no molhado. É assistir e se entregar ao filme. A trilha sonora de Fabiano Negri ajuda demais imersão dentro do universo trágico, assustador e misterioso do curta.

Outro ponto que chama muito a atenção é a fotografia, Leandro Galoni. Tudo no curta é perfeito, seja em planos mais abertos ou nos planos-detalhes extremamente necessários. Ou vai dizer que os olhos dos personagens não influenciaram na percepção do estado mental dos personagens? Impressionante também é o design de produção e figurino, que teve como responsável Helen Quintans, e a maquiagem e efeitos, de Eduardo Campos. A maquiagem é um dos pontos fortes e marcantes do filme.

“Eternidade” é adoravelmente perturbador. É um filme que inova, ao mesmo tempo em que tem por base um movimento tão importante para a história do cinema mundial.

E não podemos nos esquecer das atuações fantásticas de Filastor Brega, Amanda Costa e Andréa Sesso. Cada qual com seu papel, conseguiu incorporar perfeitamente, não personagens simples, mas extremamente complexos.

Assistir “Eternidade” é uma experiência fantástica e que deve ser repetida. As sensações causadas ao longo do filme são incríveis e com certeza vão agradar os cinéfilos que curtem o Expressionismo Alemão. Muito mais do que apenas um curta que mescla Drama, Terror e Mistério, “Eternidade” é aquele tipo de filme que nos dá orgulho por termos profissionais tão competentes que realizaram a produção. É com muita satisfação que assisto “Eternidade”, e com muito mais satisfação que escrevo sobre uma obra com uma qualidade inquestionável.


"Eternidade" está disponível no site do Festival Taguatinga de Cinema: https://festivaltaguatinga.com.br/festivalTagua/12/assista/vote/filme/521



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