segunda-feira, 14 de outubro de 2024

LIMBO (2016)

 


O curta, com roteiro de Gabriel Figueira, e com direção dele juntamente com Diogo Tupinambá, apresenta um homem que é despertado pelo toque da campainha de seu apartamento. Ele se levanta e vai até a porta, entretanto, não há ninguém.

“Limbo” tem apenas 8 minutos, e, durante esse tempo, consegue criar, manter e finalizar uma interação e intimidade do espectador com o protagonista. O primeiro ponto para essa ligação é sobre quem pode ter tocado a campainha. Porém, antes mesmo disso, a direção de fotografia de Diogo Tupinambá e Luan Lopez dá a sensação de que o homem está sendo vigiado por alguém, como na cena em que caminha dentro da casa.


Em seguida, a câmera “colada” no personagem cria a ligação entre espectador e protagonistas, que vai durar até o fim do filme. Através dessa imersão, as dúvidas, os questionamentos, os conflitos internos do personagem, atingem em cheio quem assiste ao filme. E muito disso se dá também pela brilhante atuação de Cayyan Menezes, que transmite toda a sensação de angústia, aflição e medo, sem falar uma única sílaba.


“Limbo” é um excelente Drama/Mistério que explora sensações e sentimentos de forma muito eficiente. O personagem se sente trancado em seu apartamento, porque é obrigado a isso. Ele se sente inseguro porque, mesmo vivendo num lugar que lhe é íntimo, sabe que não tem como sair. Sua vida se resume àquele lugar, de onde não pode sair e nem receber ajuda. E, em meio ao seu desespero, há um fio de esperança, que termina por ser apenas mais um choque que apenas é uma ilusão e foi um acerto enorme por parte dos realizadores.

Realizar um filme que se passa num único ambiente sempre é um desafio. Construir uma narrativa e uma base dramática sem nenhum diálogo é um desafio maior ainda. E a equipe técnica e criativa faz isso com muita competência.

 

Assista primeiro e e leia depois


 “Limbo” é um filme que deixa algumas dúvidas no ar. O personagem é desperto pelo toque da campainha. Neste momento ele está deitado, veste apenas uma calça de moletom e está sem camisa. Ao se levantar, veste um roupão xadrez e permanece com ele durante todo o filme. Na sequência final, logo após entrar em desespero por estar preso, uma porta se abre. Ao constatar que não há como sair da casa e todas as portas o vão manter preso naquele universo, o personagem entrega os pontos e se deita novamente, vestido com o mesmo roupão. Com o movimento de câmera e o reflexo do espelho, o personagem está deitado, porém, sem o roupão. O que relembra o início do filme. O meu questionamento foi: “quantas vezes o protagonista já foi despertado pela campainha e teve aqueles transtornos?”. Na minha opinião, cabe o sentido religioso sobre o limbo, mas também o sentido filosófico. Com a diferença de que, se for pelo sentido religioso cristão, ele está ali, não por vontade própria, mas por um fator externo, tendo como castigo, reviver todos os dias da mesma maneira.

Na segunda hipótese, o personagem está trancado em seu universo, por vontade própria, porém meio que inconsciente. Num estado metafórico, o personagem se nega a sair de onde está, mesmo que isso o traga sofrimento e desespero. E assim, vive e revive a mesma situação, até que tome uma decisão.



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